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Reciclagem ou reutilização: qual a opção mais sustentável?

Segundo a TSF, durante este mês decorre a iniciativa “Julho Sem Plásticos”, que pretende envolver todas as pessoas em ações para reduzir a presença dos plásticos descartáveis no ambiente. Apesar de fazer “parte da solução”, a reciclagem não é suficiente. Por isso, a aposta deve ser a reutilização, o que permite que os produtos sejam usados múltiplas vezes por diferentes pessoas ou marcas. No Verdes Hábitos desta semana, Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, explica quais os benefícios da reutilização e dá alguns conselhos para que esta prática seja aplicada no dia a dia.

O aumento do uso de embalagens e produtos descartáveis de plástico resulta em impactos ambientais negativos, como é o caso da poluição. Para reverter esta tendência, Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, explica que a aposta na reciclagem “não é panaceia” e, por isso, a opção mais sustentável e amiga do ambiente é a reutilização, mas há aspetos importantes que devem ser tidos em conta.

“A reciclagem, tal como a eficiência energética fazem parte da solução. É bom que exista esta solução da reciclagem, mas já percebemos que, mesmo que consigamos otimizar a reciclagem, não é suficiente para o desafio ambiental e social que enfrentamos”, defende.

Apesar da reutilização ser considerada como a “solução mais sustentável”, tem algumas “condições”.

“Não é porque se diz que é reutilizável que é mais sustentável. Nós temos que ter um sistema de apoio à reutilização que seja ele próprio eficiente e que estimule a própria eficiência da reutilização, seja em termos dos locais de recolha das embalagens, de logística, de retorno. Isto no caso em que a reutilização se aplica quando a embalagem é devolvida pela pessoa e entra num sistema que é depois enviado para a empresa e é feita a higienização. Todos estes sistemas que são mais coletivos requerem planeamento e gestão para ter um maior benefício possível. Em termos de partilha das soluções é muito importante termos embalagens que são utilizadas por diferentes utilizadores ou marcas, evitando que cada um tenha a sua. Tudo isto contribui para uma maior eficiência de todo o sistema”, esclarece, frisando também a importância da durabilidade dos produtos reutilizáveis e que podem ser “reutilizados múltiplas vezes”.

Segundo a associação Zero, Portugal está “bem posicionado” no que à reutilização diz respeito.

Julho, um mês sem plásticos

Este mês, assinala-se o “Julho Sem Plásticos”, um movimento global, que teve origem em 2011, na Austrália, e que envolve milhões de pessoas desde então em todo o mundo em ações que têm em vista reduzir a presença dos plásticos descartáveis no ambiente, seja nas ruas, nos jardins, nas áreas naturais, nos oceanos.

Susana Fonseca explica que esta iniciativa decorre durante todo o mês de julho. “Não tem de ser nenhum dia específico e pode ir desde eventos de sensibilização, uma visualização de um documentário, ações de limpeza ou outro tipo de intervenções nas redes sociais.”

No caso da associação ambientalista Zero, há uma campanha a decorrer nas redes sociais em que “a cada dia damos um conselho sobre como é que as pessoas podem reduzir a produção de resíduos, não apenas de plástico, mas de outros resíduos também”.

Numa altura em que as previsões apontam para um “cenário quase catastrófico” no que toca ao aumento do uso de plásticos descartáveis, “aquilo que nós sentimos é que é cada vez mais importante refletirmos como é que podemos alterar este paradigma e tentar desenvolver cada vez mais uma abordagem que aponte para a redução e reutilização”.

“É que não podemos esquecer que Portugal estabeleceu, entre 2012 e 2020, o objetivo de chegar a 2020 a produzir, em termos de quantidade de resíduos anual per capita, 410 quilos e em 2019 estávamos a produzir 513. Ou seja, 103 acima daquilo que nós tínhamos previsto nos nossos planos estratégicos. Temos que trabalhar de forma muito significativa, alterar este paradigma para conseguirmos também atingir estes objetivos que são importantes do ponto de vista da sustentabilidade”, reforça.

Reutilização: o que falta para ser uma realidade?

Susana Fonseca defende que ainda há muito trabalho a fazer para que a mudança da reutilização seja implementada e, por isso, considera importante “estabelecer um limite à quantidade de embalagens descartáveis”.

Há algumas metas que já são aplicadas, mas há outras relevantes e que deveriam ser tidas em conta. “Em alguns setores na área da disponibilização de refeições prontas existe a obrigação, mas não existe uma meta a cumprir. Ou no caso de outra área, que aumentou muitíssimo nos últimos anos, que é o envio de encomendas. Há projetos muito interessantes a serem aplicados noutros países, sabemos que em Portugal também estão a ser estudadas estas soluções de termos embalagens para envio de encomendas que são reutilizáveis. Deve ser estimulado por via de políticas públicas”, diz a especialista.

“E também incentivos económicos. Não podemos esquecer que, para fomentar estas soluções reutilizáveis, é importante, por um lado, ter as leis que definem o caminho, mas depois ter os incentivos certos, taxar o que deve ser taxado e, por outro lado, ajudar e incentivar as boas práticas em termos de reutilização. É um caminho ainda longo que temos que percorrer para lá chegar”, sustenta.

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