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Jardins Verticais – Fachadas Verdes VS Paredes Vivas

O termo Jardim Vertical é utilizado para designar o desenvolvimento de plantas sobre estruturas ou compartimentos dispostos verticalmente, em espaços interiores ou exteriores (Barbosa & Fontes, 2016; Ottelé, 2011).

Pensa-se que, o conceito Jardim Vertical terá surgido por volta do século VI a.C., com os Jardins Suspensos da Babilónia (uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo) (Ottelé, 2011). Segundo registos históricos, os jardins suspensos da Babilónia foram solicitados pelo rei Nebuchadnezzar II, para a sua esposa Amyitis, com o intuito de atenuar as saudades que a rainha possuía da sua verdejante e montanhosa terra natal (Ottelé, 2011). Apesar de não haver evidências concretas da sua existência, alguns autores descrevem os jardins suspensos da Babilónia como uma sucessão de terraços, constituídos por inúmeras tipologias de espécies vegetativas (Figura 1) (Cartwright, 2018).

Figura 1- Representação dos Jardins Suspensos da Babilônia, por Ferdinand Knab 1886 d.C (Fonte: (Cartwright, 2018))

Em 1938 surge a primeira parede vertical (Figura 2 esquerda) por um professor de arquitetura paisagista na Universidade de Illinois, Stanley Hart White. Esta tinha como principal objetivo “… proporcionar um método para a produção de uma estrutura arquitetónica – de qualquer tamanho, forma ou altura, cujas superfícies visíveis ou expostas podem apresentar uma cobertura de vegetação de crescimento permanente” (Hart, 1938, p. 1).

Ainda durante esse ano surgiram duas novas patentes, uma de William MacPherson  (Figura 2 (centro)) e outra de Elmer Hovendon Gates (Figura 3 (direita)) (L. Hindle , 2012) . Baseadas na estrutura de White, tinham como objetivo proporcionar estruturas adaptáveis, de suporte de fácil e barata construção, transporte e montagem, cobertas por unidades de vegetação (Hovenden, 1942, Mathew, 1938)

Figura 2 – Esboços das patentes de Stanley Hart White (esquerda), William M. MacPherson (centro) e Elmer Hovendon Gates (direita) (Fonte: (L. Hindle, 2012))

Por volta dos anos 1988, o botânico francês, Patrick Blanc, patenteia a técnica Mur vegetal, que foi utilizada em diversos projetos pelo mundo, tais como, no Museu de Arte Contemporânea do Século XXI em Kanazawa (2004-2012), no Museu do Quai Branly em Paris (2005), na CaixaForum em Madrid (2008), no L’Oasis d’Aboukir em Paris (2013) e no Museu Pérez Art em Miami (2013).

Fachadas Verdes VS Paredes Vivas

Como se pode verificar ao longo dos anos foram desenvolvidos diversos jardins verticais e métodos de cultivos, o que originou diversas tipologias. Assim sendo os jardins verticais dividem-se em fachadas verdes as paredes vivas (Figura 3).

Figura 3 – Jardins Verticais

Fachadas Verdes

As fachadas verdes são classificadas como sendo um sistema de fácil construção e manutenção. Consistem na utilização de espécies arbustivas ou herbáceas com comportamento de trepadeiras, que crescem direta ou de forma conduzida sobre a superfície da parede, de modo a cobrir a mesma (Barbosa & Fontes, 2016; Manso & Castro-Gomes, 2015). Dentro da listagem de espécies com comportamento de trepadeiras, a seleção da espécie mais adequada a implementar no jardim varia consoante as condições climáticas, características do edifício e da estrutura de jardim vertical. São espécies que apresentam algumas limitações no que diz respeito ao crescimento – varia de 5 a 25 metros de altura -, levando até cinco anos a alcançar o desenvolvimento pretendido (Manso & Castro-Gomes, 2015).

As fachadas verdes podem ser classificadas (Figura 4) como: diretas ou indiretas.

Figura 4 – Diagrama dos subgrupos de jardins verticais (Fonte: (Barbosa & Fontes, 2016; Manso & Castro-Gomes, 2015))

As fachadas verdes diretas, são denominadas as fachadas cujo desenvolvimento das plantas é efetuado diretamente sobre a superfície da parede (Barbosa & Fontes, 2016; Manso & Castro-Gomes, 2015). As espécies utilizadas neste tipo de fachada são trepadeiras, com raízes aéreas (por exemplo a Hedera helix, Ficus repens), que permitem a sua fixação autónoma na parede. A superfície deverá ser preferencialmente rugosa, por forma a simular os locais naturais do crescimento da espécie, e sem fissuras ou justas para não influenciar a direção do seu desenvolvimento (Ottelé, 2011).

Figura 5 – Fachadas verdes diretas

Enquanto as fachadas verdes indiretas o crescimento das plantas é controlado, através da estrutura de suporte, sendo que esta pode dividir-se em dois modelos: painel modelar ou sistema de cabos (Barbosa & Fontes, 2016; Manso & Castro-Gomes, 2015). O primeiro modelo caracteriza-se por ser um sistema modular de suporte de plantas, constituído por fios de aço soldados e revestidos por uma camada incorrosível. Os fios formam painéis tridimensionais, rígidos (mas flexíveis) e leves, que podem ser sobrepostos de modo a cobrir uma maior área. Estes painéis podem ainda ser modelados por forma a criar várias formas, associadas ou não a paredes (Barbosa & Fontes, 2016).

Figura 6 – Fachadas verdes diretas- sistema modular

O sistema de cabos de rede (Figura 5), trata-se de um modelo mais flexível que o anterior, constituído por cabos de aço resistentes, fixados na parede e conectados entre si por braçadeiras cruzadas (Barbosa & Fontes, 2016). Este sistema está planeado para suportar espécies trepadeiras de crescimento mais rápido e folhagem densa (Burhan & Karac, 2013).

Figura 7 – Fachadas verdes indiretas- sistema de cabos

A vegetação utilizada nas fachadas verdes pode ser plantada na base da estrutura de suporte ou da parede, diretamente no chão, ou em canteiros posicionados e devidamente fixados a vários níveis ao longo da estrutura (Figura 7) (Barbosa & Fontes, 2016). Contrariamente às espécies plantadas no solo, quando as mesmas se desenvolvem em canteiros fixos é necessário ter em consideração o sistema de suporte, a dimensão do próprio canteiro (pois determina o espaço disponível para o desenvolvimento radicular das plantas) e a manutenção que irá exigir (intensiva no que diz respeito ao mecanismo de irrigação e fertilização, pois o mesmo tem de conduzir a água e os nutrientes às plantas que estão a um nível mais acima do solo) (Barbosa & Fontes, 2016).

Figura 8 – Tipologias de Fachada verde e forma de plantação: a) Fachada verde direta com plantação no solo; b) Fachada verde direta sem plantação no solo; c) Fachada verde indireta com plantação no solo; d) Fachada verde indireta sem plantação no solo (Fonte: Autor adaptado de (Ottelé, 2011))

Paredes Verdes

As paredes vivas ou living wall correspondem a uma categoria de jardim vertical, que pode ser implementada em espaços interiores ou exteriores de edifícios. São constituídas por mantas geotêxtis, painéis ou módulos pré-fabricados com cavidades ou bolsas de desenvolvimento, onde cada espécie é cultivada num substrato ou outro meio de desenvolvimento artificial individual, todas as camadas são suportadas por uma estrutura fixada ou não às paredes. (Barbosa & Fontes, 2016; Ottelé, 2011; Perini & Magliocco, 2012; Scherer & Fedrizzi, 2014).

Em comparação com as fachadas verdes, é um sistema que pode incorporar uma maior variedade de espécies (de acordo com o design pretendido) e é, tecnologicamente, mais inovador no que diz respeito à sua instalação e construção. (Barbosa & Fontes, 2016). Dependendo do tipo de estrutura e construção utilizada, as paredes vivas podem ser divididas em dois grupos: contínuas/Mur vegetal ou modelares (Barbosa & Fontes, 2016).

As paredes continuas ou Mur vegetal, foram desenvolvidas pelo botânico francês, Patrick Blanc, como referido inicialmente.  Este sistema é composto por: uma estrutura de suporte, uma placa impermeável de PVC e duas camadas de tela absorvente (Barbosa & Fontes, 2016). A estrutura (Figura 8) que suporta todo o sistema é devidamente fixada à parede, mas distanciada da mesma para gerar uma  “caixa-de-ar” , funcionando assim  como isolamento térmico e acústico, mantem a integridade da superfície de fixação e permite a circulação do ar (Barbosa & Fontes, 2016). A placa de PVC, camada sobre a qual assentam as duas telas absorventes, proporciona a todo o sistema uma configuração mais sólida e impede a passagem de humidade para a superfície vertical (Barbosa & Fontes, 2016).

Figura 9 – Perfil explicativo das camadas constituintes de uma Parede Viva Contínua (Fonte: Autor efetuado com base na descrição de (Barbosa & Fontes, 2016).

O sistema de irrigação encontra-se embutido na estrutura, normalmente instalado no topo da mesma sendo que, através da alta capilaridade das telas, a água e os devidos nutrientes são distribuídos de forma homogénea do topo à base da estrutura. Normalmente e segundo alguns autores, neste tipo de jardim o depósito de drenagem é instalado na parte inferior do mesmo, podendo a água em excesso ser recolhida e mais tarde reutilizada no sistema (Manso & Castro-Gomes, 2015). As plantas numa parede viva podem ser cultivadas tanto num substrato inerte como num meio artificial. No caso das paredes vivas continuadas, é comum estarem associadas a uma técnica de cultivo artificial, denominada por hidroponia (Manso & Castro-Gomes, 2015).

Enquanto as paredes vivas modulares (Figura 9), tal como o nome indica, consistem num sistema composto por módulos de diferentes materiais e dimensões, consoante o design pretendido, agrupados em painéis, que por sua vez são fixados numa estrutura de suporte que pode, ou não, estar presa à parede (Barbosa & Fontes, 2016). Cada módulo está equipado com o devido substrato para o desenvolvimento de cada planta (Ottelé, 2011). Existem diferentes tipos de paredes vivas modelares, sendo que o seu método de construção varia consoante o tipo de módulo utilizado (Barbosa & Fontes, 2016).

Figura 10 – Perfil explicativo das camadas constituintes de uma Parede Viva Contínua (Fonte: Autor efetuado com base na descrição de (Barbosa & Fontes, 2016)

Resumo

Bibliografia

  • Perini, K., & Magliocco, A. (2012). The Integration of Vegetation in Architecture, Vertical and Horizontal Greened Surfaces. International Journal of Biology, 4(2).

Autora: Ana Simões
Empresa: TopBIM
Função: Designer Industrial

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