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Era uma vez…

Começam a distanciar-se os tempos em que a construção era uma atividade denominada tradicional. Feita por mestres de obras, apoiados pela força braçal e resultado do conhecimento transmitido de geração em geração. Desde tenra idade que o destino era a construção, era lá que se tinha o melhor salário, viajava-se pelo mundo, eras reconhecido pela capacidade de fazer acontecer.

Quando tinhas um imprevisto, era normal avisar os interessados apenas ao final do dia, quando chegavas a um lugar com telefone – e se do outro lado o recetor estivesse por perto para receber a chamada.

Alguém se lembrou que seria útil (hoje há quem pense o contrário) ter sempre por perto um dispositivo que te colocasse em contacto com os outros. Surgiu como “Nokia”, depois como “Alcatel” ou “Sony Ericsson” até que o Steve inventou aquilo que não sabíamos necessitar.

Daí até construirmos de forma completamente diferente, foi um pequeno passo.

Estas últimas décadas, trouxeram eventos marcantes que alteraram de forma indelével os mais variados setores da sociedade. O Sporting até ganha campeonatos; formas radicais de marcar algumas diferenças, alteram a skyline de Nova York; surgem novas moedas para transações económicas; até com organização nossa se dá uma tragédia grega em 2004; sua santidade também parte para o além, enquanto que nos Estados unidos chega alguém diferente ao poder, que terá de lidar com o Subprime e por cá Ronaldo fica com mais uma bola de ouro; chega mais alguém, desta vez, a troika que tem pela primeira vez à sua disposição novos hambúrgueres – desenvolvidos com carne de laboratório; pelas suas características sátiras, atacam o Charlie em França, país que irá também chorar quando o Éder chuta daí; a música traz um prémio quando se ama pelos dois; sendo este – o Amor – que suporta o confinamento a que nos deixaram.

Mas continuamos a construir, e desta vez tudo é diferente, tudo é mais rápido, automatizado, tudo é digital, acontece lá – na nuvem – ou o que lhe chamam.

Os arquitetos já não estão sozinhos a projetar, têm agora o Spacemaker – um software de inteligência artificial baseado na cloud. Permite tomar decisões mais informadas, apoiadas em dados desde o primeiro momento; identificar e corrigir facilmente problemas durante o planeamento inicial. Sejam áreas, métricas, luz do dia, ruído, espaços exteriores, percurso do sol, vistas, vento e até o microclima gerado.

A inteligência artificial também se junta, e começa a misturar-se o desenho com a tecnologia – co-criação – visando habilitar o arquiteto de alternativas para enfrentar a indústria de hoje, lidando com algumas mudanças radicais na profissão onde a tecnologia vem a ganhar o lugar de destaque. A google está nesse lugar, o seu Dynamic World promete ser mais preciso que outros mapas do género, e pode ser essencial para monitorizar e prever transformações na natureza.

Com recurso a um sistema de machine learning, conhecido como aprendizagem hierárquica somado a imagens do Copernicus Sentinel-2, desenvolve um mapa de cobertura da terra – esse planeta onde ainda estamos – em alta resolução que distingue terrenos com características específicas como árvores, relva, plantações, água ou construções. Podemos
assim traçar previsões políticas mais eficazes para proteger este lugar onde tudo tem acontecido.

O poder de machine learning é também a base para o Generate da PlanFinder, solução que pretende gerar plantas de pisos de forma autónoma em questão de segundos – lembram-se quando desenhavam com canetas de tinta da china? Ou quando faziam cópias heliográficas? Pois… agora são 3 passos: 1. Definir a geometria do piso; 2. Em segundos obteremos oito plantas geradas automaticamente; 3. Se estivermos satisfeitos com o resultado, enviamos para Revit ou Rhino – estes dois últimos nomes davam outra história…

Isto depois tem de ser construído, ok, vem a parte difícil. Não! Agora há o TyBot – robot para armação de ferro – tem vários recordes, o último, batido recentemente com 11.044 amarrações num dia de trabalho, uma média de mais de 1.100 por hora. Esta marca aconteceu na 8ª ponte do Gateway Expressway da Flórida, que está a adicionar 2 vias de 4 faixas em Clearwater, Tampa.

Para dar uma ajuda, vem o Q-Bot – um dispositivo robótico para aplicar isolamento sob pisos suspensos de casas existentes e já isolou mais de 3.000 casas desde que chegou ao mercado em 2016. A solução é considerada mais barata, tem melhor desempenho e não tem a perturbação de métodos mais tradicionais.

Como não há duas sem três, há também os PipeBots – equipados com sensores e câmeras, os Pipebots podem localizar e diagnosticar em ambientes subterrâneos, possíveis falhas e transmitir estes dados para a superfície. As decisões são então tomadas e atribuídas a uma equipa de manutenção, mas apenas quando e onde for necessário.

Afinal o que são estes …Bots? Agora há menos pessoas para construir, e não é porque as máquinas, robots, sistemas e equipamentos lhes tiraram o lugar, é porque têm outros interesses, é porque estão noutro país, atividade, onda, frequência ou apenas porque não. As razões são diversas e vou deixar o tema para outro artigo. Estes Bots são equipamentos e/ou sistemas auxiliados por software que executam tarefas automatizadas, repetitivas e/ou pré definidas. Normalmente imitam os humanos – aqueles que eram mestres de obras e operários fundamentais na construção. Por serem automatizados podem operar mais rápido que os humanos, realizar atividades difíceis e perigosas para o humano, em locais de difícil ou mesmo impossível acesso.

Quando estas atividades começam a apresentar algum perigo para o humano, podemos recorrer ao PathFindr – um alarme de proximidade, que alerta os trabalhadores quando um veículo ou outro perigo se aproxima, ou se eles entram numa área de alto risco, ajudando-os a evitar possíveis incidentes. O Safe Distancing Assistant da Pathfindr, serviu para ajudar no
distanciamento social, tendo sido lançado como resposta ao surto da pandemia covid-19 em 2020.

Os mercados e fornecedores também são diferentes, por exemplo a Canoa – uma ferramenta end-to-end de design e construção, com um marketplace incorporado que visa reduzir o impacto ambiental de interiores comerciais. Operando sob os princípios da economia circular, a Canoa procura manter os bens em uso pelo maior tempo possível, projetar resíduos e ajudar a preservar os recursos naturais, apoiando empresas, designers e fornecedores na realização de retrofits. É também um mercado business-to-business para produtos de escritório de baixo carbono, desde móveis a iluminação, acessórios, móveis e unidades pré-fabricadas conscientes e duráveis com materiais e fabricação rastreáveis que podem ser facilmente movidos e reutilizados.

A Mesh AG também inventou a primeira tecnologia assistida por robôs, capaz de criar estruturas de betão armado sem o uso de cofragem, vai agora receber o investimento conjunto da SIKA e da PERI (espera, estas eu conheço!).

Tudo isto pode ser confuso e gerar algum stress no dia-a-dia que agora é cada vez mais diferente, terminado o dia, chegamos a casa, tiramos os sapatos, jantamos, ligamos a televisão, e … um simulador de construção. Desta forma, passamos para o virtual alguns problemas que podiam acontecer na realidade. Com licenciamento para algumas marcas conhecidas como a Bobcat, CAT, Mack, Liebherr entre outras, este Construction Simulator da Weltenbauer/Astragon permite-nos combater o stress em PC ou mobile.

Afinal, temos mais um BOT – o Robot desenvolvido pela HausBots, que sobe paredes para inspeções e manutenções, pretende aumentar o rendimento dos trabalhos em altura, reduzir custos e aumentar a segurança dos colaboradores.

Por incrível que pareça, ainda usamos a internet, que agora também está nas coisas – IOT – e assim podemos gerir melhor a gestão de tempos da supply chain (também fica para outro artigo); tracking indoor, outdoor e monitorização; e prevenção de roubos e packaging inteligente.

As impressoras começaram a ficar obsoletas, o papel já não se usa, porque agora fazemos edifícios com a madeira que o produzia. Estamos em modo paperless. Os desenhos (quando digitais) e existindo, vãos diretos do software de projetos para as plataformas de gestão digitais que andam pelas obras. Muitas das vezes já vãos só os modelos e a sua informação –
dizem que é o BIM, temos também o BAM e o BOOM, mas mais uma vez – é outro artigo. Quando há impressão, pode ser com o HP SitePrint – ou outros do género – imprime linhas e objetos complexos nos pavimentos/lajes, com precisão e repetibilidade consistentes. Ele também pode imprimir texto e, assim, trazer dados adicionais do modelo digital para as obras.
Foi projetado para ser autónomo e consegue evitar obstáculos. Ou então imprimimos em 3D. A construtora Canadiana Nidus3D, por exemplo, concluiu o primeiro edifício de dois andares impresso na América do Norte, em Ontário. A estrutura de 214 m2 contém um estúdio no piso térreo e um apartamento no piso superior. Demorou 80 horas para imprimir, prevendo-se que estruturas futuras possam ser feitas muito mais rapidamente.

Quando não são os Bots, são os hibridos, os exoesqueletos – dispositivos ou estruturas mecânicas usadas por humanos para determinados fins ou aplicações. Geralmente é considerada uma estrutura dura com articulações que permitem o movimento do operador humano, facilitando tarefas fisicamente exigentes, mas não amentado as suas capacidades.

…lembrei-me de mais um Bot – o Atlas da Boston Dynamics;

e outro – o Spot também da Boston Dynamics (outro artigo)

Mas estas construções não são sempre reais – físicas, também podemos construí-las virtualmente, comprando e vendendo terrenos, projetos e os próprios imóveis (será que posso chamar imóveis? Ou será vimóveis?) no metaverso. Na prática é um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias como a realidade virtual, realidade aumentada e
hologramas. Se pensarmos no filme Matrix, as pessoas viviam numa realidade virtual arquitetada por uma inteligência artificial assassina que usava os seus corpos para produzir energia. O metaverso é mais ou menos isto, mas sem as máquinas assassinas – pelo menor por agora!

No meio destas realidades, inteligências e Bots termino este artigo porque ainda terei os outros para escrever. Ou será que quando chegar a hora já não se escreve? Basta pensar e acontece? Vamos ver.

Autor: Arq. Sérgio Laranjeira
Empresa:  TopBIM
Função: 
Coordenador Núcleo Pré-Construção

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