Eficiência Hídrica nos Edifícios
O problema da escassez de água potável envolve direta ou indiretamente toda a população mundial! É uma realidade que necessita cada vez mais de ser tomada em conta, de maneira a preservar este recurso e continuar a beneficiar dos serviços que nos pode oferecer.
O conceito de eficiência hídrica nos edifícios desenvolve-se no sentido de investigar e apresentar soluções que permitam de alguma maneira aumentar a poupança de água nos edifícios, de forma a atenuar as consequências da escassez deste recurso.
A procura de soluções engloba todo o processo de chegada de água às diferentes utilizações, desde o abastecimento público até as instalações prediais, bem como o seu aproveitamento, reciclagem ou reutilização de águas. Para além de desenvolver um conjunto de medidas de otimização de procedimentos e gestão de redes de abastecimento, são analisados equipamentos e tecnologias eficientes, considerando inclusive alternativas que permitiram anular o consumo de água.
Consumo de água em Portugal
O consumo em Portugal subdivide-se nos seguintes setores: agricultura, industrial e urbano ou municipal.
Segundo o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, o setor mais consumidor em Portugal em termos de volume é o setor agrícola, com um consumo de aproximadamente 3401 milhões de metros cúbicos, representando 81% da procura total no país.
Os valores de consumo no setor urbano estão na segunda posição em termos de maior consumo, no valor de cerca de 504 milhões de metros cúbicos, relativos a 12% da procura.
Já o setor industrial assume 7% do consumo nacional de água, o correspondente a 294 milhões de metros cúbicos.
Utilização eficiente de água
A falta de eficiência no transporte, condução e utilização da água pode atingir montantes financeiros muito significativos na estrutura de custos da água. Esta situação poderá gerar a necessidade de antecipação de investimentos para dar resposta à sua procura.
Um aumento na eficiência no uso da água e a implementação de novas medidas de gestão e da prática do uso da água resulta em ganhos não só económicos como ambientais, para além de contribuir para uma melhoria significativa das massas de água, reduzindo as pressões quantitativas e qualitativas sobre estas.
Deste modo, o conceito de uso eficiente da água torna-se necessário na medida em que a água, como recurso escasso e limitado, necessita de ser protegida, conservada e gerida de modo a garantir o funcionamento sustentável dos ecossistemas e dos serviços que estes podem proporcionar à sociedade, bem como garantir a sustentabilidade de outros recursos a ela associados.
Como e onde implementar medidas de eficiência hídrica nos edifícios de habitação?
As medidas a implementar para melhoria de eficiência hídrica acentuam-se principalmente nestes temas:
1- Alteração de dispositivo mais eficientes: esta medida tem como principal objetivo alterar as torneiras de lavatório, cozinha, bidé, duche/banheira e autoclismo para equipamentos mais eficiente;
No autoclismo, os mecanismos de descarga dupla ou com interrupção de descarga apresentam geralmente um maior nível de eficiência comparativamente aos que apenas apresentam descarga completa; Os duches/chuveiros deverão ter consumos de água entre 5 [l/min] e 7 [l/min]. Para além da redução de consumo de água, podem ter associada uma redução de consumo de energia, em proporção à água quente necessária. Por questões de eficiência e para maior conforto do utilizador, existem também sistemas que têm incorporadas torneiras termostáticas (com temperatura estável) ou “eco-stop” (com temporizador para corte caudal);
As torneiras de lavatório deverão ter consumo de água até 2 [l/min];
Para as torneiras de cozinha, a ideal é que tenha um consumo de 4 [l/min]. Para reduzir o consumo de água, sem substituição de dispositivo, poderá, ainda, adquirir redutores de caudal, para melhor adequação do volume consumido. Os redutores podem ser do tipo arejador, pulverizador ou redutor de fluxo laminado.
2-Reabilitação da rede predial: nos edifícios mais antigos, compensa reabilitar a rede do edifício, por exemplo, no caso da ocorrência de falta de caudal ou pressão na rede, ou quando ocorrem fenómenos de decomposição nas tubagens, alterando até a qualidade da água, nesse caso, deverá fazer a renovação da rede predial com materiais certificados para água potável.
3-Espaços exteriores e aproveitamento de água: efetuar uma rede de aproveitamento de águas pluviais e reutilização de água, criando fontes para rega e lavagem de espaços exteriores. O ideal é instalar uma rede de rega eficiente em todos os jardins e similares (por exemplo – sistemas gota a gota), e no caso da área a regar ser extensa, adotar o método por aspersão. De modo a otimizar o sistema, pode-se ainda, instalar sensores de humidade no solo e de interrupção de rega na ocorrência de precipitação, prevenindo consumo de água desnecessário.
4-Eletrodomésticos mais eficientes: a aquisição de eletrodomésticos mais eficientes, do ponto de visto energético e hídrico, pode gerar poupanças consideráveis. Ao adquirir estes equipamentos, fique atento ao rótulo de eficiência hídrica. Este é um sistema de rotulagem baseado em especificações técnicas para os diversos produtos. Além da classe energética, procure máquinas cuja etiqueta indique um consumo de água anual médio inferior a 10.000 [litro] por ano (máquinas de lavar roupa) ao equivalente a 45 [litro] por ciclo e 2.500 [litro] por ano (máquina de lavar louça) ao equivalente a 8.9 [litro] por ciclo no programa Eco.
5-Sistema de gestão: a instalação de sistemas de gestão de consumo de água, que consistem na ligação de rede predial a sistemas de gestão digitais, poderá proporcionar o acesso ao seu perfil de consumo diário. Desta forma, pode conhecer os seus próprios consumos e adotar comportamentos para uso mais eficiente da água, além de possibilitar a identificação de perdas de água nas redes e nos equipamentos, caso se verifiquem consumos de água nos períodos de não utilização.
6-Coberturas verdes: optar por uma cobertura verde ou ajardinada, consiste na instalação de vegetação sobre uma estrutura construída. Estes sistemas devem ser devidamente dimensionados e requerem manutenção, mas retêm a água da chuva e garantem conforto térmico.
7-Circulação e retorno de águas quentes sanitárias: os sistemas ou equipamento para circulação e retorno de águas quentes ou equipamentos de recuperação de calor de água requerem algum tipo de armazenamento de água, pelo que têm de ser compatibilizados com o sistema de produção de águas quentes sanitárias. Para simplificar, podem ser instalados sistemas de retorno de água quente ou de aproveitamento de calor de água em equipamento existentes.
8-Comportamentos: é fundamental garantir um ajuste da utilização da água, através da redução do tempo despendido em cada uso e na adoção de comportamentos de poupança de água, que se traduzem em poupanças.