EDP testa NB-IoT para contadores até final do ano
A NOS, a Huawei, a Janz CE, a EDP Distribuição, em colaboração com a u-blox, estão a desenvolver um projecto-piloto operacional com contadores inteligentes de energia eléctrica, com recurso à tecnologia de comunicações sem fios.
Cinco empresas combinaram as suas competências e desenvolveram tecnologias emergentes que resultaram no arranque do primeiro piloto, à escala mundial, de contagem inteligente de energia eléctrica tirando partido de redes de última geração para supervisão da rede eléctrica.
O projecto, apresentado esta segunda-feira, arrancou a semana passada e envolve numa fase inicial, até ao final do ano, cerca de uma centena de clientes no Parque das Nações. A zona foi seleccionada pela EDP Distribuição para demonstração do piloto uma vez que já está preparada para ser usada com tecnologia de comunicação sem fios NB-IoT, tendo a NOS instalado duas estações base para assegurar a cobertura.
O contador inteligente compatível com NB-IoT foi desenvolvido pela Janz CEO, pela Huawei e pela u-Blox. Por seu lado, a EDP Distribuição está a utilizar essa tecnologia no projecto Upgrid do Programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia e a NOS é a fornecedora da infra-estrutura de rede, que combina 4.5G com tecnologia NB-IoT.
O operador é “primeiro em Portugal a testar tecnologia 4.5G – IoT sobre a sua infra-estrutura de rede”. Mas outros já fizeram testes em ambientes controlados como foi o caso da Altice, também em parceria com a Huawei, durante o Web Summit, em Novembro.
O trabalho que culmina neste projecto-piloto desenvolvido desde Setembro de 2015, e que envolveu equipas multidisciplinares compostas por cerca de duas dezenas de pessoas. Cada uma das empresas acumula experiência na respectivas áreas do saber que contribui para o arranque deste piloto.
É o caso da EDP Distribuição que tem vindo a implementar o projecto de redes inteligentes InovGrid desde 2007, trabalho recentemente reconhecido pela Comissão Europeia num relatório recente sobre os projectos de “smart grid” na Europa, destacou João Torres, presidente do Conselho de Administração da EDP Distribuição. Também a Janz CE fez os primeiro testes de contadores inteligentes em 2004 em Macau, estando há cerca de 10 anos envolvida em projectos Inovgrid.
Talvez a mais intuitiva vantagem da nova solução seja a capacidade de comunicação em tempo real entre o distribuidor e o consumidor. “Por um lado, o distribuidor percebe as necessidades dos consumidores, enquanto os consumidores percebem melhor de que modo é que a energia está a ser consumida”, explica António Papoila, CEO da Janz CE. “O tempo de reacção” reduzido é “fundamental”, defende.
A tecnologia NB-IoT permite a comunicação optimizada e bi-direccional entre os clientes e os fornecedores de energia eléctrica. Servirá para detectar automaticamente falhas de energia, melhorar o tempo de reposição de serviço, alocar equipas no terreno para resolução de situações de emergência.
Talvez mais interessante para os consumidores, a nova solução permite “a medição online de consumos”, apresentando vários valores por hora, de diversos registos e eventos de energia. Para o fornecedor é possível gerir a capacidade instalada em tempo real, uma função particularmente útil quando se antecipa uma “adopção progressiva de veículos eléctricos e a transição crescente para fontes renováveis de energia eléctrica”, acrescenta António Papoila.
Segundo Manuel Ramalho Eanes, administrador da NOS, “a tecnologia só tem interesse se se materializa em eficiência para as empresas e em benefícios para os clientes”, algo que parece estar no horizonte deste projecto. A NOS está a trabalhar activamente com as autarquias na área das cidades inteligentes, recordou o administrador, “procurando resolver os problemas com que aquelas se deparam com soluções reais e tangíveis”.
Para a EDP, que está envolvida em mais de uma dezena de projectos de I&D a nível internacional, envolvendo a indústria e a academia, esta é mais uma oportunidade de internacionalização. Já Chris Lu, CEO da Huawei Portugal, empresa que tem contribuído para a padronização da tecnologia NB-IoT, projectos como este são um sinal de “arranque para a adopção em massa da tecnologia IoT2.
A combinação de tecnologias deste projecto resulta também numa “boa solução, flexível de custos controlados”, enalteceu João Torres. Sem avançar detalhes sobre o modelo de negócio, os promotores avançaram que, quando em velocidade cruzeiro, os custos serão partilhados e diluídos entre os parceiros, num modelo de negócio que terá ainda de ser definido entre o “operador [de telecomunicações] e o fornecedor de energia [eléctrica]”, explicou Ramalho Eanes.
Por seu lado, João Torres, da EDP, sublinha que com o fim das estimativas, com a maior eficiência do processo de leituras, que com o tempo serão feitas remotamente, “a solução será vantajosa para o consumidor”. Do “ponto de vista de custos operacionais há uma poupança que será reflectida nas tarifas”.
António Papoila, explica que para este projecto é fundamental a “visão partilhada” para garantir o desenvolvimento de uma “estratégia única que proporciona amplo acesso, criação de valor de longo prazo e a integração com as infra-estruturas existentes”. Entre outras funcionalidades, António Papoila destaca a criação de valor através da gestão avançada de interrupção da electricidade ou da ligação sustentável entre redes eléctricas e as cidades inteligentes. Dessa forma é reduzido o “’time-to-value’ da aplicação dos contadores inteligentes”.
Manuel Ramalho Eanes vincou ainda que a nova solução, responde também aos desafios da indústria 4.0 e da Comissão Europeia no âmbito do projecto Upgrid – Fundo Europeu de Investimento em Redes Inteligentes do programa horizonte 2020 da Comissão Europeia”. O projecto-piloto faz parte de uma iniciativa mais abrangente da EDP Distribuição qual prevê que, até ao final do ano, estejam instalados nos clientes, 1,3 milhões de contadores inteligentes, com o número a crescer para os dois milhões em 2018.
Gradualmente estes contadores irão permitir a comunicação em tempo real entre o clientes e o fornecedor.