Comunidades de Energia Renovável
Quando começámos em 2016 a falar em armazenamento solar em Portugal éramos recorrentemente recebidos com ceticismo e até desconhecimento em grande parte. Ainda antes de um grande crescimento do veículo elétrico no setor automóvel, as dúvidas oscilavam entre durabilidade, viabilidade económica e tecnologia. Estas três dúvidas acompanharam o setor da produção solar e o setor automóvel durante os últimos anos.
Incertezas haverá sempre em todos os setores, contudo, é seguro dizer que estamos num ponto de inflexão, o setor automóvel tem uma quota cada vez maior de automóveis elétricos e o setor da produção solar já anda de mãos dadas com o armazenamento.
Este ponto de inflexão tem-se sentido um pouco por toda a Europa, em 2016 numa das maiores tradeshows de energia solar da Europa, a InterSolar, a quantidade de empresas com produtos de armazenamento, era diminuta, em 2019, era praticamente impossível circular na feira e não contatar inúmeras soluções ainda que muito semelhantes entre elas.
Vimos de uma altura onde o desconhecimento era tão grande nesta área que a maior parte do tempo era investido na evangelização do armazenamento, na concretização da ideia, provar que o conceito já passou do papel para a realidade e que já estaria maturado o suficiente para se utilizar.
Não só o mercado do armazenamento solar já é uma realidade, como já estamos na iminência de ver concretizado o próximo passo: o conceito de Comunidades de Energia Renovável (CER). O objetivo será a descentralização da produção atual e uma mudança de paradigma no que toca ao fornecimento de eletricidade em geral.
Estamos, por enquanto, num modelo em que toda a produção de eletricidade é gerada numa, ou mais, centrais e distribuída pelos utilizadores. O que as CER permitem fazer é a produção de energia partilhada por cada habitação criando uma malha de microprodutores de forma a aumentar a independência da produção da rede pública.
As metas de neutralidade carbónica empurram esta necessidade e será uma realidade muito próxima vermos novos edifícios dotados de sistemas que os permitam integrar uma CER. Cada casa produzirá, em grande parte, a sua própria energia, para depois partilhá-la na CER, de forma a vender e comprar energia solar dentro da CER a custos reduzidos face à rede pública.
Autor: Eng. Eduardo Fernandes
Empresa: Ampere Energy Portugal
Função: Diretor de Negócio
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