“A construção é uma indústria que pode e deve contribuir para um futuro melhor”
O início do ano é um bom ponto de partida para se falar de visão, futuro e, principalmente, daquilo que queremos para ele – Sustentabilidade.
Inês dos Santos Costa, Secretária de Estado do Ambiente, Pedro Martins Barata, Partner da Get2C, Pedro Ressano Garcia, do atelier Ressano Garcia Arquitectos, Luísa Magalhães, Diretora Executiva da Associação Smart Waste Portugal, José Pequeno, Arquiteto e Investigador, e António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, foram os oradores do seminário digital subordinado ao tema “Alterações Climáticas e Sustentabilidade Ambiental”, moderado por Fernanda Pedro, Diretora do Diário Imobiliário
Num mundo abalado pela pandemia da COVID-19, onde a humanidade parou e em poucos meses batemos recordes nas emissões de carbono, António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais não tem dúvidas de que esta “acelerou” e “despertou” para temas que há muito estavam “arrumados na prateleira”. Foi preciso uma pandemia para o mundo parar e se consciencializar de que, tal como alertou a Secretária de Estado do Ambiente, “ao nível atual do consumo global vamos precisar de cerca de três planetas até meados deste século para sobreviver”. As alterações climáticas são resultado dos maus hábitos que tivemos até ao momento. É tempo de agir! Só temos um planeta.
Procuremos informar-nos. Unamo-nos para reduzir as emissões e redesenhemos as estratégias. Que esta seja a década da mudança. A construção é o caminho. “Na Casais começámos a atuar e estamos numa jornada para melhorar os nossos processos de construção, alterando a forma como fazemos as obras para reduzir as emissões. Este desafio não se vence sozinho. Por isso organizámos esta conferência para passar este exemplo e para que outros façam também. É um desafio que requer massa crítica e vai tomar infelizmente mais do que uma geração para o resolver”, afirmou o CEO do Grupo Casais.
Os engenheiros e os empreiteiros têm um papel crucial nesta que será a época da viragem. É essencial guiarmo-nos pelo conceito de construção circular, onde o design dos edifícios e a reciclagem são muito importantes. Até porque o processo de construção começa, desde logo, na demolição. Devemos pensar na desconstrução e no ciclo total da obra, dado que os resíduos de construção e demolição (RCD) correspondem a 30% dos resíduos da Europa, o equivalente a 750 mil toneladas por ano, que podem ser reutilizados e reaproveitados a 90%, se assim o quisermos. Utilizar material reciclado, entregar os resíduos das obras domésticas e projetar de forma a que os recursos possam ser economicamente reutilizados são medidas a ter em conta. Utilizar métodos construtivos mais sustentáveis faz com que hajam menos desperdícios e a produção seja mais limpa.
A mudança já se verifica, também, ao nível das soluções arquitetónicas. A introdução de vegetação local, o conforto e consumo energético, o efeito esponja e controle térmico, a reciclagem de materiais e a energia passiva e eficiência energética são a grande aposta para projetos futuros, onde sustentabilidade é a palavra de ordem.
O CEO do Grupo Casais acredita que “éramos lagartas antes da Covid-19 e2020 foi o nosso casulo (…) quebrámos preconceitos, hábitos”, bem como mentalidades e, na primavera esta borboleta da sustentabilidade vai começar a fertilizar (…), sendo que por onde ela passar vai surgir vida nova”. Por último, António Carlos Rodrigues deixa o desafio: “Estamos todos prontos para voar e fazer o nosso papel de borboleta neste mundo depois daCovid-19?”.